No Reino da Palavra...

- Não grite.
Não permita que o seu modo de falar se
transforme em agressão.

- Conserve a calma.
Ao falar, evite comentários ou imagens
contrárias ao bem.

- Evite a maledicência.
Trazer assuntos infelizes à conversação,
lamentando ocorrências que já se foram, é requisitar
a poeira de caminhos já superados,
complicando paisagens alheias.

- Abstenha-se de todo adjetivo desagradável
para pessoas, coisas e circunstâncias.
Atacar alguém será destruir hoje o nosso
provável benfeitor de amanhã.

- Use a imaginação sem excesso.
Não exageres sintomas ou deficiências
com os fracos ou doentes, porque isso viria
fazê-los mais doentes e mais fracos.

- Responda serenamente em toda questão difícil.
Na base da esperança e bondade,
não existe quem não possa ajudar conversando.

- Guarde uma frase sorridente e amiga para
toda situação inevitável.
Da mente aos lábios, temos um trajeto
controlável para as nossas manifestações.

- Fuja a comparações, a fim de que seu
verbo não venha a ferir.
Por isso, tão logo a idéia negativa nos alcance
a cabeça, arredemo-la, porque um pensamento
pode ser substituído, de imediato, no silêncio
do espírito, mas a palavra solta é sempre um
instrumento ativo em circulação.

Recorde que Jesus legou o Evangelho,
exemplificando, mas conversando também.
ANDRÉ LUIZ



Distribui sorrisos e palavras de amor aos irmãos algemados a
rudes provas como se os visses falando por teus lábios, e
atravessarás os dias de tristeza ou de angústia com a luz da
esperança no coração, caminhando, em rumo certo, para o
reencontro feliz com todos eles, nas bênçãos de Jesus, em plena
imortalidade.

(Emmanuel).

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Casamento e Família




Casamento e Família

Benedita Fernandes / DivaldoFranco

Diante das contestações que se avolumam, na atualidade, pregando a reforma dos hábitos e costumes, surgem os demolidores de mitos e de Instituições, assinalando a necessidade de uma nova ordem que parece assentar as suas bases na anarquia.

A onda cresce e o tresvario domina, avassalador, ameaçando os mais nobres patrimônios da cultura, da ética e da civilização, conquistados sob ônus pesados, no largo processo histórico da evolução do homem.
Os aficionados de revolução destruidora afirmam que os valores ora considerados, são falsos, quando não falidos, e que os mesmos vêm comprimindo o indivíduo, a sociedade e as massas, que permanecem jungidos ao servilismo e à hipocrisia, gerando fenômenos alucinatórios e mantendo, na miséria de vários matizes, grande parte da humanidade.

Entre as Instituições que, para eles, se apresentam ultrapassadas, destacam o matrimônio e a família, propondo a promiscuidade sexual, que disfarçam com o nome de "amor livre", e a independência do jovem, imaturo e inconseqüente, sob a justificativa de liberdade pessoal, que não pode nem deve ser asfixiada sob os impositivos da ordem, da disciplina, da educação...

Excedendo-se, na arbitrariedade das propostas ideológicas ainda não confirmadas pela experiência social nem pela convivência na comunidade, afirmam que a criança e o jovem não são dependentes quanto parecem, podendo defender-se e realizar-se, sem a necessidade da estrutura familiar, o que libera os pais negligentes de manterem os vínculos conjugais, separando-se tão logo enfrentam insatisfações e desajustes, sem que se preocupem com a prole.

Não é necessário que analisemos os problemas existenciais destes dias, nem que façamos uma avaliação dos comportamentos alienados, que parecem resultar da insatisfação, da rebeldia e do desequilíbrio, que grassam em larga escala.
A monogamia é conquista de alto valor moral da criatura humana, que se dignifica pelo amor e respeito ao ser elegido, com ele compartindo alegrias e dificuldades, bem-estar e sofrimentos, dando margem às expressões da afeição profunda, que se manifesta sem a dependência dos condimentos sexuais, nem dos impulsos mais primários da posse, do desejo insano.

Utilizando-se da razão, o homem compreende que a vida biológica é uma experiência muito rápida, que ainda não alcançou biótipos de perfeição, graças ao que, é frágil, susceptível de dores, enfermidades, limitações, sendo, os estágios da infância como o da juventude, preparatórios para os períodos do adulto e da velhice.
Assim, o desgaste e o abuso de agora tornam-se carência e infortúnio mais tarde, na maquinaria que deve ser preservada e conduzida com morigeração.
Aprofundando o conceito sobre a vida, se lhe constata a anterioridade ao berço e a continuidade após o túmulo, numa realidade de interação espiritual com objetivos definidos e inamovíveis, que são os mecanismos inalienáveis do progresso, em cujo contexto tudo se encontra sob impositivos divinos expressos nas leis universais.

Desse modo, baratear, pela vulgaridade, a vida e atirá-la a situações vexatórias, destrutivas, constitui crime, mesmo quando não catalogado pelas leis da justiça, exaradas nos transitórios códigos humanos.
O matrimônio é uma experiência emocional que propicia comunhão afetiva, da qual resulta a prole sob a responsabilidade dos cônjuges, que se nutrem de estímulos vitais, intercambiando hormônios preservadores do bem estar físico e psicológico. Não é, nem poderia ser, uma incursão ao país da felicidade, feita de sonhos e de ilusões.

Representa um tentame, na área da educação do sexo, exercitando a fraternidade e o entendimento, que capacitam as criaturas para mais largas incursões na área do relacionamento social. Ao mesmo tempo, a família constitui a célula experimental, na qual se forjam valores elevados e se preparam os indivíduos para uma convivência salutar no organismo universal, onde todos nos encontramos fixados.

A única falência, no momento, é a do homem, que se perturba, e, insubmisso, deseja subverter a ordem estabelecida, a seu talante, em vãs tentativas de mudar a linha do equilíbrio, dando margem às alienações em que mergulha.

Certamente, muitos fatores sociológicos, psicológicos, religiosos e econômicos contribuíram para este fenômeno. Não obstante, são injustificáveis os comportamentos que investem contra as Instituições objetivando demoli-las, ao invés de auxiliar de forma edificante em favor da renovação do que pode ser recuperado, bem como da transformação daquilo que se encontre ultrapassado.

O processo da evolução é inevitável. Todavia, a agressão, pela violência, contra as conquistas que devem ser alteradas, gera danos mais graves do que aqueles que se buscam corrigir. O lar, estruturado no amor e no respeito aos direitos dos seus membros, á a mola propulsionadora do progresso geral e da felicidade de cada um, como de todos em conjunto.

Para esse desiderato, são fixados compromissos de união antes do berço, estabelecendo-se diretrizes para a família, cujos membros se voltam a reunir com finalidades específicas de recuperação espiritual e de crescimento intelecto-moral, no rumo da perfeição relativa que todos alcançarão.

Esta é a finalidade primeira da reencarnação.

A precipitação e desgoverno das emoções respondem pela ruptura da responsabilidade assumida, levando muitos indivíduos ao naufrágio conjugal e á falência familiar por exclusiva responsabilidade deles mesmos.

Enquanto houver o sentimento de amor no coração do homem --- e ele sempre existirá, por ser manifestação de Deus ínsita na vida --- o matrimônio permanecerá, e a família continuará sendo a célula fundamental da sociedade.

Envidar esforços para a preservação dos valores morais, estabelecidos pela necessidade do progresso espiritual, é dever de todos que, unidos, contribuirão para uma vida melhor e uma humanidade mais feliz, na qual o bem será a resposta primeira de todas as aspirações.

Reminiscência




REMINISCÊNCIA

Do Livro Falando à Terra, psicografia de Francisco Cândido Xavier
Medeiros e Albuquerque


O Brasil republicano vagia entre as faixa do berço, quando conheci Manuel Ramos, nome pelo qual designarei um amigo obscuro, que abracei pela primeira vez no curso de breve contenda com portugueses ilustres, a propósito de Floriano.

Comentávamos desfavoravelmente as atitudes cordiais do embaixador Camelo Lampreia, que primava pelo bom-senso, na conciliação dos elementos exaltados, ante os atos do Consolidador, quando um amigo brasileiro, justamente indignado, se prepara a revide de enormes proporções, de mundos cerrados e carantonha sombria. Assustado, procurava eu apartar os contendores, quando surge o Manuel, com a carcaça de um touro e com a alma de anjo, evitando o pugilato.

Conteve os antagonistas, qual se fora uma gladiador romano, habituado ao manejo de feras, e eu, tomado de simpatia, ofereci-lhe a mão, em sinal de reconhecimento, quando os ânimos irritados possibilitaram a conversa pacífica.

No amplexo amistoso, porém, observei que Manuel não era servidor comum, que se contentasse com a gorjeta ou com o elogio fácil.

Surpreendeu-me com o seu olhar indagador, a fixar-me insistentemente.
E quando preparei, intencional, as frases da despedida, o musculoso interventor da rixa inesperada me falou, sem preâmbulos:

Doutor Medeiros, poderá conceder-me uma palavrinha?

Quem não anuíra em ocasião como aquela?

O rapaz, contudo, foi breve. Biografou-se com simplicidade, através de informes curtos e francos.

Era empregado na cozinha de portugueses acolhedores, que o faziam encarregado da bacalhoada acessível à numerosa freguesia, em atividade regular no porto. Fluminense de origem, buscava o Rio com o sonho maravilhoso de todos os moços pobres do interior, que imaginam na metrópole o Eldorado das miragens de Orellana. Não conseguira, entretanto, senão a colocação humilde, em casa de pasto, embora vivesse de livro às mãos.
Estudava, estudava, mas... – salientava, desalentado – a sorte lhe fora incrivelmente adversa.
Onerado de compromissos, na órbita da família, vira o pai morrer, quase sem recursos, minado pela peste branca, e presenciara a loucura de sua mãe, desvairada de dor sobre o cadáver do companheiro e mais tarde internada, com ficha de indigente, em hospício da Capital.

Sobravam-lhe, ainda, quatro irmãs para cuidar.
Ganhava pouco e mal conseguia atender ao constante dreno doméstico. Agrupou em palavras rápidas e respeitosas diversas questões pequeninas que lhe apoquentavam a mente, detendo-se, porém, no caso materno, com minudências curiosas a lhe revelarem a grandeza do sentimento afetivo; e, por fim, imprimindo significativa reverência ao timbre de voz, pediu-me conselho, asseverando-se informado quanto aos meus estudos de magnetismo.
Não poderia, de minha parte, prestar-lhe socorro?
Reparando, talvez, a ponta de sarcasmo que me assomou ao sorriso de gozador impenitente, consertou o passo, acentuando que, se me não fosse possível a visita direta ao internato, a fim de aliviar-lhe a genitora doente, esperava que eu lhe desse, pelo menos, algumas noções alusivas ao assunto.
Ante a sinceridade cristalina e a beleza do devotamento filial que ele aparentava, por pouco lhe não pedi desculpas pela ironia silenciosa de momentos antes, e assenti.
Realmente, expliquei, não me confiava a experiências do teor daquela que me solicitava, mas dispunha de literatura valiosa e aproveitável.
Ceder-lhe-ia com prazer o material que desejasse.
Combinamos o encontro para o dia seguinte.
Apareceu Manuel, pontualmente, à entrevista, ouvindo-me, atencioso, como se ele estivesse à escuta de informações relativas a tesouros ocultos.
Acreditando falar muito mais comigo mesmo. Recordei, para começar, a figura de Mesmer.
Manuel, contudo, não se mostrou leigo no assunto, Frederico Mesmer era para ele velho conhecido. Reportou-se, de modo simples, às leituras em francês a que se consagrava
cada noite, em companhia de anônimo poliglota do subúrbio, e referiu-se à clínica do grande magnetizador na Place Vendôme, qual se houvera morado em Paris ao tempo de Luís XVI. Sabia quantos reveses o valoroso professor havia sofrido para provar as novidades científicas de que se sentia portador. O rapaz chegava a conhecer o texto do voto vencido, com o qual De Jussieu, o fundador da botânica moderna, se revelava o único amigo da verdade, na comissão indicada pela Sociedade Real de Medicina, a fim de apurar a realidade dos fenômentos magnéticos.
Agradavelmente surpreendido, senti-me à vontade no comentário aberto.
Recordei De Puységur, anotando-lhe os experimentos preciosos, quando, mordiscado de curiosidade, passeava no salão a gritar, inquieto, para os ouvidos de seus pacientes: -
“Dorme! Dome!”

E, num desfile de impressões do brasileiro que vive de frente para a Europa, falei-lhe de Braid, de Liébeault, Bernheim e Charcot, especificando as características das escolas de Nancy e de Paris.
Alinhei minhas próprias observações, e Manuel, então silencioso, me assinalava as palavras como se fora deslumbrado e ditoso devoto à frente de um semideus.
Recolheu, contente, a copiosa literatura em português e francês que lhe pus nas mãos ávidas e partiu.
De quando em quando me procurava, gentil, em visitas apressadas, a que, por minha vez, não prestava maior atenção.
A vida abriu-me caminho, por outros rumos, no seio do matagal, ao invés de seguir no curso de águas pacíficas humano, e, à maneira do seixo que rola para o mar, impulsionado pelos detritos que descem da serra, a golpes irresistíveis da enxurrada grossa, ao invés de seguir no curso de águas, pacíficas, avancei no tempo, através de peripécias mil, na política e na imprensa, incapaz de erguer-me à esfera transcendente das cogitações religiosas.
Quando, em 1916, voltei da Europa com largo programa de serviço pró-adesão do Brasil aos Aliados, na culminância da batalha jornalística, eis que me aparece o Manuel, em pleno escritório, num singular extravasamento de alegria.
Forçava portas e afrontara auxiliares neurastênicos para ver-me e apertar-me nos braços.
Doutor Medeiros! Doutor Medeiros! Enfim! ... – clamava, ofegante – há quanto tempo, meu Deus! Há quanto tempo!...
Respondi-lhe ao abraço, com um sorriso forçado, porque nesse mesmo instante deveria avistar-me com Lauro Müller, a respeito de solenes decisões na campanha popular desencadeada.
Desejei provocar a retirada do importuno, que deixava transparecer nas bochechas de quarentão maduro aquela mesma alegria robusta do tempo de Floriano.
A conversação dele fazia-se absolutamente imprópria, a meu ver, em semelhante ocasião; entretanto, Manuel não me ofereceu qualquer oportunidade de censura cordial ao seu procedimento.
Eufórico, palavroso, desaparafusou a língua e narrou êxitos sobre êxitos.
O magnetismo desvendara-lhe estradas novas. Conseguira milagres. Mantinha correspondência ativa com estudiosos ilustres da França. Apresentava, garboso, conclusões próprias acerca do desdobramento da personalidade. Enfileirava apontamentos especiais sobre o sistema nervoso. Engalanava-se com dezenas de casos raríssimos de cura, inclusive o da própria genitora que se reequilibrara e ainda vivia.
E acrescentava informes, referentes ao jardim doméstico, sem me oferecer um minuto para qualquer consideração.
Casara-se. Possuía três filhos que pretendia apresentar-me. A esposa e ele
acompanhavam, carinhosamente, as minhas páginas em “A Noite”. Convidava-me a visitar-lhe a família, quando chega o recinto a ex-ministro, fitando-me com assombro, como se me surpreendesse na companhia de um louco.
O antigo quituteiro do restaurante português não se deu por achado ouvindo declinar o nome do respeitável político. Iluminaram-se-me os olhos, cobrou ânimo novo e, sem mais nem menos, recomendou-nos freqüência assídua às sessões espirituais a que se dedicava nas noites de terças e sextas-feiras, junto de amigos e estudantes do Evangelho, encarecendo a necessidade de homens espiritualizados na administração do País. Reportou-se a Bittencourt Sampaio com frases quentes de aplauso. Sacou do bolso, que denotava prolongada ausência da lavanderia, seboso maço de papéis e leu, em voz estentórica, a primeira mensagem de Bezerra de Menezes, no “Grupo Ismael”, através do médium Frederico Júnior, e, longe de parar, abriu diante de nós maltratado volume do Novo Testamento, combinando a leitura de alguns textos com as páginas de Allan Kardec, ao mesmo tempo que indagava de minhas impressões acerca da Casa dos Espíritos, em Paris.
Mastiguei uma resposta qualquer, e Manuel, absolutamente incapaz de entender a minha inadaptação às verdades de que se fizera pregoeiro, continuou exaltando os imperativos de renúncia e de sacrifício para nós ambos, como se fora trovejante doutrinador em praça pública.
E quando se inclinava no comentário de reencarnações passadas, afirmando ter vivido ao tempo de Gengis Khãn, mal sopitando a vergonha que aquela intimidade me provocava, recomendei-lhe silêncio em tom autoritário e descortês.
O pobre amigo empalideceu e, enquanto o ex-ministro de Venceslau Brás erguia para mim o olhar perscrutador, informei, implacável, indicando Manuel estarrecido:
Lauro, tenho aqui um ex-empregado requerendo nossos préstimos. Não é má pessoa, mas enlouqueceu de repente. Guarda a mania do espiritismo e eu desejava seus bons ofícios para que o infeliz obtivesse tratamento acessível na Praia Vermelha. Creio que não precisará do internato em regra, mas não pode prescindir de algum contacto com o hospício.
O grande político levou o caso a sério e respondeu sem hesitar:
Esteja descansado. Farei por ele quanto possa.
Nunca me esquecerei do olhar humilde que Manuel me dirigiu sem a menor reação, com duas grossas lágrimas, ao despedir-se cabisbaixo, sem mais uma palavra.
Depois, a vida continuou rolando, arrastando-me em seu torvelinho trepidante, mas o meu antigo aprendiz de magnetismo não mais me apareceu no caminho.
Política, jornalismo, aventuras...
Eis o sono, era a morte? Que sabia eu?

Compreendia apenas que não era mais possível brincar com a inteligência.
Indefinível pavor do desconhecido me assaltava o coração, afogado em lágrimas que eu não conseguia derramar.
Densa noite envolvera-me de súbito, e eu gritei com toda a força dos pulmões cansados, clamando por enfermagem e socorro, que se me afiguravam distanciados para sempre.
Em que tenebroso lugar minha voz vibraria agora, sem eco? que ouvidos me captariam as lamentações? Por quanto tempo supliquei apoio naquela posição de insegurança?
É inútil formular indagações a que não podemos responder.
Um instante surgiu, contudo, em que percebi junto de mim prateada luz.
Alguém se aproximava, dando-me a idéia de piedoso visitador, remanescente talvez de São Bernardo, o salvador de viajantes perdidos nas trevas.
Diante do meu deslumbramento, a claridade cresceu, cresceu, e uma voz, que jamais olvidei, saudou alegremente:
Doutor Medeiros! Doutor Medeiros!...
E o Manuel surgiu fulgurante de rara beleza, ante meus olhos assombrados, estendendome os braços fraternos.
Quietou-se-me, então, o raciocínio humano, apagaram-se-me os pruridos da inteligência.
Manuel, aureolado de sublimada luz, era para mim agora um verdadeiro redentor. Confieime ao seu carinho, copiando a rendição da criança assustada, que se refugia no seio materno, e uma vida nova começou para mim, somente imaginável por aqueles que sabem sobrepairar ao turbilhão de mentiras humanas, para escutarem, de alguma sorte, a mensagem renovadora dos companheiros que atravessaram a cinzenta e gelada fronteira do túmulo.

Centro Espírita - Valores Ignorados



CENTRO ESPÍRITA - VALORES IGNORADOS


Amigo, quais são os valores do Centro Espírita, em que está integrado?

Talvez pensemos nos prédios, nos móveis, nos livros da livraria, nos alimentos armazenados para a distribuição, e até na obra assistencial mantida pelo Centro. Ou até nos lembraremos da reunião de passes, da reunião mediúnica, das reuniões de estudos, das palestras, das mensagens e quem sabe… da fraternidade dos companheiros.

Mas o nosso pensamento começa já a perceber outros valores. Acho que podemos estendê-los aos espíritos amigos que ali trabalham.

Mas, quem sabe! Está no conteúdo doutrinário, na oportunidade de trabalho e crescimento que oferece… Quantos valores, afinal!...

Não tinha pensado em tantos…

Pois é, amigo leitor, o Centro Espírita possui muitos valores.

Materiais e espirituais. Desde as instalações físicas, à integração dos seus participantes, ao conhecimento que distribui, às bênçãos do trabalho que realiza, até à preservação do seu maior patrimônio – o conhecimento espírita!

Ignoramos tudo isso. Deixamos VALORES IGNORADOS passar, relegando muitas vezes a atividade do Centro para um plano secundário, quando ele e a sua programação devem merecer maior atenção na nossa dedicação. E sem prejuízo da família, mas com consciência de que o trabalho no Centro reverte, sem que o percebamos, em benefícios diretos para a família, pela própria natureza da sintonia.

Claro que quando sem os domínios da vaidade e do fanatismo.

Na verdade, o Centro Espírita deve ser uma extensão da nossa casa, de nossas famílias. O ambiente onde nos sentimos bem, onde buscamos o conforto e exercitamos a prática sadia da fraternidade, para reunir forças que transformem virtudes em hábitos na vida social fora de casa.

Mas, nem sempre acontece.

Existe a programação dos estudos e chegamos atrasados. Recebe-se a mensagem, o jornal ou o folheto, e colocasse no bolso para nem sequer ler, esquecendo-os… Programa-se uma palestra importante e nem vamos, alegando toda uma série de desculpas que demonstram a nossa indiferença.

LEVAMOS MUITAS VEZES O NOSSO QUILO DE ALIMENTOS (QUANDO LEVAMOS) PARA A CESTA DE ALIMENTOS, MAS TORNAMO-NOS INDIFERENTES AO ESFORÇO DA DIVULGAÇÃO DOUTRINÁRIA.

COMENTA-SE SOBRE DETERMINADO LIVRO E NEM PROCURAMOS SABER MAIS.

NÃO PRESTAMOS ATENÇÃO A DATAS E A FATOS HISTÓRICOS DA DOUTRINA, OU MESMO DA PRÓPRIA CASA, PASSANDO TUDO BATIDO. E QUANDO OUTRA CASA PROGRAMA ATIVIDADES, AGIMOS COMO QUEM DIZ QUE NADA TEM A VER COM O ASSUNTO, ESQUECENDO QUE A CAUSA É A MESMA: A DOUTRINA ESPÍRITA. E O QUE DIZER, ENTÃO, SOBRE O RELACIONAMENTO ENTRE OS PRÓPRIOS ESPÍRITAS. DEIXAMO-NOS LEVAR PELA CRÍTICA VAZIA, FOFOCA, INVEJA E CALÚNIA, COM DESDÉM PARA COM OS COMPANHEIROS REALMENTE INTERESSADOS, AGINDO EM DESACORDO COM O QUE APRENDEMOS E E ENGANOSAMENTE DIZEMOS SEGUIR.

São valores da Doutrina, do Centro que freqüentamos, e que tanto nos beneficia, mas, que relegamos para um plano secundário.

POR OUTRO LADO, ALÉM DE IGNORAR OS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS DA CODIFICAÇÃO, DESCONHECEMOS AS PÉROLAS DOS CLÁSSICOS DA DOUTRINA, COMO LÈON DENIS, FLAMMARION, ARTHUR CONAN DOYLE, VICTORIEN SARDOU, VICTOR HUGO, ROBERT OWEN, CESARE LOMBROSO, WILLIAM CROOKES, OLIVER LODGE, CAMILLE FLAMMARION, CHARLES RICHET, SCHIAPARELLI, CHIAIA, BROTASI, LOMBROSO, BOZZANO, JOHANN KARL FRIEDRICH ZÖLLNER, WILHELM EDWARD WEBER, SCHNEIBER, GUSTAV FRIEDRICH FECHNER ENTRE OUTROS. SEM FALAR DE HUMBERTO DE CAMPOS, YVONNE PEREIRA, ANDRÉ LUIZ, JOSÉ HERCULANO PIRES, ETC. ORA AÍ ESTÃO OS VALORES DA DOUTRINA.

Limitamo-nos a ler romances, pronunciar sobre os mais diversos assunto o famoso “Eu Acho”, sem nenhum conhecimento de causa, ir ao Centro uma ou duas vezes por semana, para ouvir, receber o passe, geralmente quando a dor bate, e continuar como antes, achando que já fizemos a nossa parte e que sabemos e dominamos tudo em relação ao Espiritismo, e contando com a proteção do Alto (diga-se que existe), e que afinal somos espíritas e tudo está bem e por aí vai…Não renunciamos a nada em favor do Espiritismo, ou melhor, em favor de nós mesmos mas exigimos tudo.

Mas, ocorre que a Humanidade aí está. Debate-se com problemas imensos que nem é preciso repetir…

Os valores permanecem em nossas mãos, parados, sem produzir como deveriam, como nos comprometemos antes, no plano espiritual.

Observemos melhor as nossas Casas Espíritas. Representam o esforço de muitos pioneiros e leais trabalhadores da Causa de Jesus, que em silêncio, nos legaram o que hoje temos.

MAS NÃO NOS LIMITEMOS APENAS À NOSSA CASA. OLHEMOS COM CARINHO O ESFORÇO DE OUTROS COMPANHEIROS, QUE ESTÃO REALMENTE INTERESSADOS EM CONSTRUIR COM RESPONSABILIDADE, SERIEDADE, EM BASES SÉRIAS, SEM PERSONALISMO, SEM A EVIDÊNCIA DO EU, NAS MAIS VARIADAS FUNÇÕES, SEM CIÚME, VAIDADE, DESPEITO OU INVEJA. A OBRA É DE TODOS, A OPORTUNIDADE É PARA TODOS, FAZ QUEM QUER OU PODE, E QUANTO MAIS FOR FEITO, POR MAIS PESSOAS, MELHOR PARA A HUMANIDADE.

ESTA É A LUTA DO PLANO ESPIRITUAL: A EXPANSÃO, ATRAVÉS DA DIVULGAÇÃO DE TODAS AS FORMAS, DO PENSAMENTO ESPÍRITA, PRINCIPALMENTE FORA DA CASA ESPÍRITA, EM TODOS OS SEGUIMENTOS DA SOCIEDADE, ESPIRITISMO QUE NÃO PERTENCE A NINGUÉM. ESTA EXPANSÃO BENEFICIARÁ TODA A HUMANIDADE SOFRIDA QUE DESCONHECE OS BÁLSAMOS QUE A DOUTRINA OFERECE.

Estejamos sintonizados neste ideal, seremos então mais coerentes conosco e com Deus. Sejamos pontes no movimento espírita, que unem, e não paredes que afastam.....

A QUEM A MUITO FOR DADO MUITO SERÁ COBRADO, DISSE JESUS.....

Problemas e Soluções




Problemas e Soluções

Livro: Busca e Acharás
André Luiz & Francisco Cândido Xavier

Se você está sob a pressão de algum problema, recorde que desespero ou desânimo não oferecem amparo algum.
Se a luta decorre da necessidade de recursos materiais, atenda ao equilibrio entre aquilo de que você dispõe e o que pretenda gastar, trabalhando mais, a fim de conseguir mais no setor de suas aquisições.
Se a doença lhe visita o corpo, use os meios justos que se lhe façam possíveis para reabilitá-lo, de vez que aflição inútil é sempre golpe fulminativo em você mesmo.

Chamo-me Amor!!!

QUANDO, nas horas de íntimo desgosto,
O desalento te invadir a alma
E as lágrimas te aflorarem aos olhos
Busca-Me: eu sou Aquele que sabe sufocar-te o pranto
E estancar-te as lágrimas;

QUANDO te julgares incompreendido pelos que te circundam
E vires que em torno a indiferença recrudesce,
Acerca-te de Mim: eu sou a LUZ,
Sob cujos raios se aclaram a pureza de tuas intenções
E a nobreza de teus sentimentos;

QUANDO se te extinguir o ânimo, as vicissitudes da vida,
E te achares na eminência de desfalecer,
Chama-Me: eu sou a FORÇA, capaz de remover-te as pedras dos caminhos
E sobrepor-te às adversidades do mundo;

QUANDO, inclementes, te açoitarem os vendavais da sorte
E já não souberes onde reclinar a cabeça,
Corre para junto de Mim: eu sou o REFÚGIO,
Em cujo seio encontrarás guarida para o teu corpo
E tranqüilidade para o teu espírito;

QUANDO te faltar a calma, nos momentos de maior aflição,
E te julgares incapaz de conservar a serenidade de espírito,
Invoca-Me:eu sou a PACIÊNCIA, que te faz vencer os transes mais dolorosos
E triunfar nas situações mais difíceis;

QUANDO te abateres nos paroxismos da dor
E tiveres a alma ulcerada pelos Abrolhos dos caminhos,
Grita por Mim: eu sou o BÁLSAMO, que te cicatriza as Chagas
E te minora os padecimentos;


QUANDO o mundo te iludir com suas promessas falazes
E perceberes que já ninguém pode inspirar-te confiança,
Vem a Mim: eu sou a SINCERIDADE,
Que sabe corresponder à fraqueza de tuas atitudes e à exelsitude de teus ideais;

QUANDO a tristeza e a melancolia te povoarem o coração
E tudo te causar aborrecimento,
Clama por Mim: eu sou a ALEGRIA,que te insufla um alento novo e te faz conhecer os encantos de teu mundo interior;

QUANDO, um a um, te fenecerem os ideais mais belos
E te sentires no auge do desespero,
Apela para Mim:eu sou a ESPERANÇA,
Que te robustece a fé e acalenta os sonhos;


QUANDO a impiedade se recusar a relevar-te as faltas
E experimentares a dureza do coração humano,
Procura-Me: eu sou o PERDÃO,
Que te eleva o ânimo e promove a reabilitação de teu espírito;


QUANDO duvidares de tudo, até de tuas próprias convicções,
E o ceticismo te avassalar a alma,
Recorre a Mim: eu sou a CRENÇA,
Que te inunda de luz o entendimento e te reabilita para a conquista da felicidade;


QUANDO já não aprovares a sublimidade de uma afeição sincera
E te desiludires do sentimento de seu semelhante,
Aproxima-te de Mim: eu sou a RENÚNCIA,
Que te ensina a olvidar a ingratidão dos homens
E a esquecer a incompreensão do mundo;

QUANDO enfim, quiseres saber quem Sou,
Pergunta ao Riacho que murmura e ao pássaro que canta,
à Flor que desabrocha e à estrela que cintila,
Ao moço que espera e ao velho que recorda.

Eu sou a dinâmica da Vida e a harmonia da Natureza;
Chamo-me
AMOR,
O remédio para todos os males que te atormentam o espírito.

Eu sou Jesus

Chico Xavier na Intimidade




Chico Xavier na intimidade

A ANALFABETA E A EDUCADA


O Chico passava defronte do Grupo Escolar de Pedro Leopoldo, quando uma das diretoras o chamou e lhe contou o seguinte:

— Hoje, pela manhã, apareceu aqui uma senhora mãe de um aluno preguiçoso e malcriado. Quando soube que seu filho fora reprovado e que sou uma das diretoras, sem deixar que eu lhe respondesse, desbocou-se:

— A senhora é uma diretora incompetente. Não pense que valha alguma coisa; não vale um vintém... nada. - Depois que esgotou seu repertório de insultos, concluiu, gritando para a rua toda ouvir:

— E não me diga nada, ouviu? Porque eu sou analfabeta, nada sei, não tenho obrigação de ser delicada. Mas a senhora é EDUCADA e espírita. Fique, pois, bem caladinha...

E partiu, deixando-me surpresa, e ao mesmo tempo tocada pelo inesperado da CONTENDA.

— Oremos, Chico, por nós e por ela, pois somos EDUCADOS e ESPÍRITAS.

— Sim, minha irmã, sabemos muito, já ganhamos muito. Oremos e vigiemos e que a lição nos sirva de remédio à doença da nossa vaidade...

Do livro "Chico Xavier na intimidade" – Ramiro Gama
Capítulo " A ANALFABETA E A EDUCADA "



Arrumando a casa (Centro Espírita)





Arrumando a casa (CENTRO ESPÍRITA)
Escrito por Jayme Lobato

Alguns diretores andavam preocupados com o ambiente da casa espírita. Em reunião de diretoria, Ernesto, o vice-presidente, abre a discussão, dirigindo-se ao presidente:

– Caro Germano! Precisamos trabalhar melhor a harmonia entre os trabalhadores do nosso centro. Acho que o ambiente do centro não anda bem.

– Mas, por que você diz isso, Ernesto?!

– Ora, companheiro! Há uma atmosfera de desconfiança, como se aqui, dentro da nossa casa, estivesse acontecendo um duelo. O que, a meu ver, não condiz com a proposta do Espiritismo.

– Será que os demais pensam também assim? Você, por exemplo, Guiomar, o que acha?

– Concordo com Ernesto, Germano. Precisamos fazer alguma coisa para modificar o clima de desarmonia que se está instalando em nosso meio e, obviamente, se refletindo nas reuniões mediúnicas. E o resultado disso, você bem sabe - não é bom.

O presidente, preocupado, então, pergunta:

– O que fazer, Guiomar, para mudar essa situação?

– Poderemos, a título experimental, implementar treinamentos para conscientizar o pessoal do centro da responsabilidade, de cada um, na formação de um ambiente fraterno e solidário.

– E você, Laura, o que diz?

– É notória, Germano, a falta de entrosamento entre os componentes de nossa casa. Não podemos mais ficar de braços cruzados, assistindo o ambiente de nosso centro se deteriorar. Penso, no entanto, que, cada um de nós, da diretoria, deve se compromissar com uma mudança radical de postura em nossa instituição.

– Como assim, Laura?

– Se nós, que pertencemos à diretoria, não nos entendemos, como vamos propor harmonização para os demais companheiros?

– E você acha que entre nós, diretores, há desentendimentos?

– Ah, Germano! Não se faça de ingênuo. Não é possível que você não perceba que alguns já formaram seus grupinhos e, por isso, nossa casa está dividida. E, como assegurou Jesus, uma casa dividida não se sustenta.

– Não é questão de ingenuidade ou não, Laura. Não posso acreditar que, numa casa espírita, haja desavenças que comprometam o trabalho.

– Mas, presidente, aqui não existem anjos, nem santos. Nós mesmos, espíritos faltosos e comprometidos com um passado difícil, aqui estamos, tentando nosso esclarecimento e reabilitação. E, por isso, não podemos deixar o centro à deriva.

Aí, intervém Ernesto:

– Por diversas vezes, Germano, tentei alertá-lo para os desvios a que nosso grupo estava se permitindo, com o seu aval. Mas você acha que eu sou muito rigoroso. E, afinal, chegamos a essa situação.

– Precisamos esclarecer melhor tudo isso – observa o presidente.

Então, Helena, resolve se pronunciar:

– Um dos problemas, Germano, é que na sua frente as pessoas se mostram de uma forma, mas, nas costas, a coisa se apresenta diferente.

– Isso é verdade. Há ainda aqueles que só mostram serviço na sua presença, Germano – afirma Guiomar.

– O problema é que alguns querem estar bem com o poder. E acham que um dos meios é concordar sempre com o presidente, mesmo nos seus enganos – fala Helena, que prossegue:

– Apesar de todo esclarecimento, através dos estudos, que a casa disponibiliza, Germano, muitos ainda acham que o presidente do centro é inspirado pelo Alto, em todas as suas atitudes. O que é um engano.

– Concordo com a Helena. A administração da casa espírita tem que ser discutida por nós, encarnados. Certamente que devemos rogar a ajuda do Alto para que saibamos conduzir bem o centro. Mas, a responsabilidade da direção é nossa – enfatiza Guiomar.

Helena, então, aproveita o momento e toca numa questão delicada:

– Há, também, presidentes que gostam de se verem privilegiados pelo Alto. E, até quando encontram resistência a alguma mudança de seu interesse, ao invés de discutirem a proposta, dizem que é recomendação dos Espíritos. E a medida se efetiva.

Ernesto pega carona na fala de Helena:

– Uma das questões que gera muito conflito, Germano, é que você quer agradar a todos. Não sabe dizer não. E isso, em várias ocasiões, foi o detonador de desentendimentos entre os trabalhadores do centro. Hilton, até então calado, aproveita para dar sua opinião:

– Caro Germano, não me leve a mal. Mas, no início do mandato você exercia uma liderança lúcida e ativa. Porém, a meu ver, com o tempo, você foi se permitindo uma de guru. E, o pior, um guru que quer agradar a todos.

– Mas, na função de presidente, Hilton, tenho que contemporizar certas situações. Não posso alimentar desavenças.

Helena, aí, adverte:

– Mas, também, caro amigo, não pode ficar em cima do muro, querendo agradar a gregos e troianos. A orientação de Jesus é para que nosso falar seja: sim, sim – não, não! Hilton assevera:

– Há muita fofoca, Germano, que chega aos seus ouvidos e que você deveria chamar os envolvidos para solucionar a questão. Mas, não! Fica sempre o dito pelo não dito. E tudo continua na mesma e gerando insatisfações constantes, que comprometem o ambiente do centro.

E Ernesto expressa sua impressão:

– Parece-me, às vezes, Germano, que você receia que as pessoas saiam do centro. E, por isso, não toma as atitudes devidas.

– De fato, Ernesto, tento fazer tudo para que os irmãos continuem conosco.

Guiomar questiona:

– Mesmo que insatisfeitos, presidente? E criticando, mordazmente, sua administração nos bastidores e, por outro lado, comprometendo a atmosfera psíquica do ambiente? .

– Não pensei que chegasse a tanto, Guiomar!

– E, não é só isso, querido! Pelo que percebo, há uma companheira insatisfeita, que está fazendo a cabeça de outras pessoas. E isso está criando um clima desfavorável em nossa casa.

Germano, mais que depressa, quer saber:

– Quem é essa pessoa?!

Laura volta à questão a que antes se referira:

– Antes de querermos saber quem é a pessoa, queridos amigos, precisamos fazer uma avaliação da nossa postura como diretores. Se não estamos comprometidos com o bem-estar moral e intelectual dos componentes da nossa casa espírita, como querer que outros estejam?

Helena concorda.

– Laura tem razão. Não adianta traçar normas para os outros, quando não estamos dando o exemplo.

– Se nós, diretores, não abraçamos a causa espírita com espírito de serviço, não há como constituir uma comunidade harmonizada – fala Ernesto.

– Acho que o personalismo tem gerado, entre nós, diretores, muita desavença – esclarece Hilton.

– Devemos nos interessar pelo progresso de nossa coletividade e não na projeção pessoal – propõe Helena.

– Por tudo que estou ouvindo, sinto que falhei na tarefa de dirigir o nosso centro. Acho que a minha renúncia à presidência da casa abriria possibilidades de colocar no lugar um companheiro que melhor possa conduzir a instituição.

É Ernesto que, inicialmente, discorda.

– Nada disso, Germano! Eu acho que é hora de todos nós, da diretoria, avaliarmos nossas atitudes e, juntos, se quisermos o bem de nossa casa, promovermos as mudanças necessárias no sentido de que o centro volte a ser operante e harmonioso como antes.

Helena concorda.

– Acho esta a melhor solução. Se o Germano errou, nós também erramos, pois, muitas vezes, nos omitimos por comodismo ou interesse. Sejamos sinceros nessa avaliação e na busca de solução para os problemas de nossa casa espírita e o Alto, certamente, nos apoiará.

– Temos que nos comprometer com um trabalho de equipe e não com posturas monolíticas, isoladas, que dividem a comunidade de nosso centro - diz Guiomar.

E os demais também se engajaram na nova proposta. Pelo clima de transparência e real desejo de servir à causa espírita, com que continuaram a discussão, já se podia prever um futuro de efetivo progresso para aquela casa espírita.

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