A EXCELÊNCIA DO AMOR
O processo de evolução do ser tem sido penoso, alongando-se pelos
milênios sob o impositivo da fatalidade que o conduzirá à perfeição.
Dos automatismos primevos nas fases iniciais da busca da sensibilidade,
passou para os instintos básicos até alcançar a íntelígêncía e a razão, que o
projetarão em patamar de maior significado , quando a sua comunicação se
fará, mente a mente, adentrando -se, a partir dai; pelos campos vibratórios da
intuição.
Preservando numa fase a herança das anteriores, o mecanismo de fixação
das novas conquistas e superaçdo das anteriores, torna-se um desafio que lhe
cumpre vencer.
Quanto mais largo foi o estágio no patamar anterior, mais fortes
permanecem os atavismos e mais dificeis as adaptações aos valiosos recursos
que passa a utilizar.
Porque o trânsito no instinto animal foi de demorada aprendizagem, na
experiência humana ainda predominam aqueles fatores afligentes que a lógica,
o pensamento lúcido e a razão se empenham por substituir.
Agir, evitando reagir; pensar antes de atuar; reflexionar como passo inicial para
qualquer empreendimento; promover a paz, ao invés de investir na violência
constituem os passos decisivos para o comportamento saudável.
A herança animal, no entanto, que o acostumara a tomar, a impor-se, a
predominar, quando mais/arte, se transformou em conflito psicológico, quando
no convívio social inteligente as circunstâncias não facultaram esse
procedimento primitivo.
Por outro lado, os fatores endógenos — hereditariedade, doenças
degenerativas e suas seqüelas —, assim como aqueles de natureza exógena
— conflitos familiares, pressões psicossociaís, religiosas, culturais, sócioeconômicas,
de relacionamento interpessoal — e os traumatismos cranianos,
respondem pelos transtornos psicológicos e pelos distúrbios psiquiátricos que
assolam a sociedade e desarticulam os indivíduos.
Criado o Espírito simples, para adquirir experiências a esforço próprio, e
renascendo para aprimorar-se, as realizações se transferem de uma para outra
vivência, dando curso aos impositivos da evolução que, enquanto não viger o
amor, se imporão através dos processos aflitivos.
Inevitavelmente, porém, momento surge, no qual há um despertamento
para a emoção superior e o amor brota, a princípio como impulso conflitivo,
para depois agigantar-se de forma excelente, preenchendo os espaços
emocionais e liberando as tendências nobres, enquanto dilui aquelas de natureza
inferior.
O sexo, nesse imenso painel de experiências, na condição de atavismo
predominante dos instintos primários essenciais, desempenha papel importante
no processo da saúde psicológica e mental, não olvidando também a de
natureza física.
Pela exigência reprodutora, domina os campos das necessidades do
automatismo orgânico tanto quanto da emoção, tornando-se fator de
desarmonia, quando descontrolado, ou precioso contributo para a sublimação,
se vivencíaddo pelo amor.
Psicopatologias graves ou superficiaís têm sua origem na conduta sexual
frustrante ou atormentada, insegura ou instável, em razão das atitudes 5
anteriores que promoveram os conflitos que decorrem daquelas atitudes
infelizes.
Nesse capítulo, a hereditariedade, a família, a presença da mãe
castradora ou superprotetora, todos os fenômenos perimatais perturbadores
são conseqüências das referidas ações morais pretéritas.
As terapias psicológicas, psicanalíticas e psiquiátricas, de acordo com
cada psicopatologia, dispõem de valioso arsenal de recursos que, postos em
prática, liberam as multidões de enfermos, gerando equilíbrio e paz.
Não obstante, a contribuição psicoterapêutica do amor é de inexcedível
resultado, por direcionar-se ao Si profundo, restabelecendo o interesse do
paciente pelos obgetivos saudáveis da vida, de que se díssocira.
O amor tem sido o grande modificador da cultura e da cívilização, embora
ainda remanesçam costumes bárbaros que facultam a eclosão de tormentos
emocionais complexos...
O imperador Honório, por exemplo, que governava Roma e seus
domínios, era jovem, algo idiota, covarde e pusilânime, conforme narra a
História. No entanto, pressionado por cristãos eminentes, discípulos do Amor,
fecho as escolas de gladiadores no ano de 399, onde se preparavam
homicidas legais.
Quando os gados ameaçavam invadir a capital do Império, o general
Atilicho, em nome do governante e do povo, os bateu em sangrentas batalhas,
expulsando-os de volta às regiões de origem em 403.
Ao serem celebradas essas vítórias no Coliseu — o monumental edifício
sólido que comportava cinqüenta mil expectadores e propiciava espetáculos
variados quão formidandos — estavam programadas cerimônias várias e
esplendorosas como: corridas de bigas e quadrigas, desfiles, musicais, bailados...
Por fim, em homenagem máxima ao Imperador e ao General, foram
exibidas lutas de gladiadores, que se deveriam matar.
No auge da exaltação da massa, quando os primeiros lutadores se
apresentaram na arena, um homem humilde atirou-se das galerias entre eles e
começou a suplicar-lhes que não se matassem...
O estupor tomou conta da multidão que, logo recuperando a ferocídade,
pôs-se a atirar-lhe pedras e tudo quanto as mãos alcançassem, ao tempo em
que pedúim a morte do intruso, de imediato assassinado para delírio geral...
Apesar do terrível desfecho, aquele foi o último espetáculo dantesco do
gênero, e em 404, as lutas de gladiadores foram finalmente abolidas.
O sacrifício de amor do anônimo foi responsável pela radical mudança de
hábitos na época.
Ressurgiram, sem dúvida, de forma diferente, naquelas denominadas
marciais, no Oriente, e de boxe, no Ocidente, porque ainda predominam os
instintos primitivos, mas serão proibidas em futuro não distante, como resultado
da força do amor...
Assim também as guerras, as lutas fratricidas, os conflitos domésticos e
sociais, quando a consciência de justiça suplantar as tendências destrutivas...
... O amor vencerá!
*
Examinamos, no presente livro, várias psicopatologias e conflitos
hodíernos, recorrendo a admiráveis especialistas nessa área, a quem 6
respeitamos; no entanto, colocamos uma ponte espiritual entre as suas
terapias valiosas e o amor, conforme a visão espírita, herdada do
Psicoterapeuta galileu.
Reconhecemos que não apresentamos qualquer originalidade, que ainda
não haja sido proposta. Dispusemo-nos, no entanto, a contribuir com
apontamentos que esperamos possam ajudar a evitar a instalação de diversos
conflitos naqueles que ainda não os registrou e auxiliar quem os padece, oferecendo-lhes
experiências e informações, talvez ainda não tentadas que,
certamente, contribuirão de forma eficaz para a conquista da saúde integral.
Tranqüila, por havermos cumprido com o dever da solidariedade que deflui
do amor, almejamos que os nossos leitores possam recolher algo de útil e de
valioso do nosso esforço de bem servir conforme aqui exposto.
Salvador, 18 de maio de 1998.
Joanna de Ãngelis