No Reino da Palavra...

- Não grite.
Não permita que o seu modo de falar se
transforme em agressão.

- Conserve a calma.
Ao falar, evite comentários ou imagens
contrárias ao bem.

- Evite a maledicência.
Trazer assuntos infelizes à conversação,
lamentando ocorrências que já se foram, é requisitar
a poeira de caminhos já superados,
complicando paisagens alheias.

- Abstenha-se de todo adjetivo desagradável
para pessoas, coisas e circunstâncias.
Atacar alguém será destruir hoje o nosso
provável benfeitor de amanhã.

- Use a imaginação sem excesso.
Não exageres sintomas ou deficiências
com os fracos ou doentes, porque isso viria
fazê-los mais doentes e mais fracos.

- Responda serenamente em toda questão difícil.
Na base da esperança e bondade,
não existe quem não possa ajudar conversando.

- Guarde uma frase sorridente e amiga para
toda situação inevitável.
Da mente aos lábios, temos um trajeto
controlável para as nossas manifestações.

- Fuja a comparações, a fim de que seu
verbo não venha a ferir.
Por isso, tão logo a idéia negativa nos alcance
a cabeça, arredemo-la, porque um pensamento
pode ser substituído, de imediato, no silêncio
do espírito, mas a palavra solta é sempre um
instrumento ativo em circulação.

Recorde que Jesus legou o Evangelho,
exemplificando, mas conversando também.
ANDRÉ LUIZ



Distribui sorrisos e palavras de amor aos irmãos algemados a
rudes provas como se os visses falando por teus lábios, e
atravessarás os dias de tristeza ou de angústia com a luz da
esperança no coração, caminhando, em rumo certo, para o
reencontro feliz com todos eles, nas bênçãos de Jesus, em plena
imortalidade.

(Emmanuel).

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Conversar com Deus





Ao sul da Índia e a leste da África, há um país cujo território é feito de pequenas ilhas, mais de mil, espalhadas numa extensão de oitenta mil quilômetros quadrados. Seu nome, Maldivas, vem do sânscrito maladiv, que significa guirlanda de ilhas, todas belíssimas, como uma grinalda de flores.
Os visitantes confirmam: as ilhas são maravilhosas, uma rara combinação de céu azul, mar límpido, águas mansas, alvas praias, peixes em profusão, frutos e flores – verdadeiro paraíso.
O que mais impressiona é a tranquilidade dos maldivenses. Não obstante a pobreza do país, vivem felizes, sem os problemas de violência, roubo e vício que conturbam as sociedades atuais.
Em princípio se poderia dizer que o caráter risonho e cordial do povo maldivo vem da placidez do oceano, da beleza das ilhas, da exuberância da Natureza. Não é só isso, porquanto em outros lugares a Natureza mostra-se igualmente generosa, mas a existência é conturbada.
Exemplo típico temos no Rio de Janeiro, uma das cidades mais belas do Mundo. Quando contemplamos a Baía da Guanabara, do alto do Corcovado, e nos deslumbramos com a magnificência da paisagem, sentimos a presença de Deus e compreendemos a exaltação do sambista ao cantar a cidade maravilhosa, cheia de encantos mil… No entanto, o Rio enfrenta graves problemas, envolvendo drogas, assassinatos, assaltos, prostituição… A cidade maravilhosa continua linda, como sempre, mas a vida está cada vez pior.
Qual seria, pois, o segredo dos maldivenses? Os pesquisadores têm constatado que a fórmula mágica que lhes sustenta a cordialidade, o bom humor e a urbanidade, é a oração. Cinco vezes por dia, em horários determinados, a população, formada por muçulmanos sunitas, entrega-se à oração, nos templos e pequenas igrejas que existem em grande quantidade.
Não dura mais que alguns minutos, mas é o suficiente para iluminar o dia, mantendo-os conscientes da presença de Deus e da necessidade de cumprir os preceitos morais de sua religião.
Certamente passaríamos por uma mudança radical, se ao longo do dia, lembrássemos de Deus. Muitos problemas seriam evitados, muitas dificuldades superadas, se nos habituássemos a conversar com Deus com maior frequência. 
Há uma situação curiosa em relação à oração. A pessoa conversa com Deus e parece que tudo piora.
– Não sei o que acontece comigo. Quando oro minha cabeça fica conturbada, sinto-me estranho.
Ocorre que a oração funciona como um mergulho na intimidade de nossa própria consciência, uma espécie de varrer e colocar em ordem a casa mental. Quando usamos a vassoura, sobe a poeira. Pode nos incomodar em princípio, mas depois o ambiente fica melhor, mais limpo, mais saudável. 
A introspeção, esse voltar para dentro de nós mesmos, revolve o entulho de nossas fraquezas, de nossos pensamentos negativos, das más palavras, e em princípio poderemos sentir algum desconforto.
Com perseverança, buscando cumprir a vontade do Senhor, expressa nas lições de Jesus, em breve teremos muita paz em nosso coração.
A oração, dizem os mentores espirituais, deve ser algo tão natural, tão instintivo em nossa vida, como a respiração. Devemos lembrar de Deus em todas as horas de nossos dias, para que sintamos sua presença em todos os dias de nossa vida. 
Principalmente na hora de dormir é importante pensar em Deus, pedindo sua proteção para um sono reparador e um despertar tranquilo. Estaremos, então, preparados para o novo dia, como está na singela oração de Robert Louis Stevenson, famoso escritor americano:
Senhor, quando o dia voltar,
Fazei que eu desperte
Trazendo no rosto e no coração
A alegria das alvoradas,
Disposto ao trabalho,
Feliz se a felicidade for o meu quinhão,
Resignado e corajoso, 
Se me couber, nesse dia,
Uma parcela de sofrimento.

Richard Simonetti


Determinismo




Qualquer pessoa medianamente informada conhece o complexo de Édipo, consagrado por Sigmund Freud (1856-1939), como a tendência de se ligarem os filhos às suas mães, em oposição aos pais. Ele se inspirou- numa tragédia grega: Édipo Rei, de Sófocles (495-406 a.C.).
Édipo, segundo os oráculos, mataria seu pai e se casaria com a mãe, o que efetivamente aconteceu, numa fantasia recheada de lances dramáticos e mirabolantes, bem ao gosto da mitologia grega.
A tese de Freud, porém, não resiste aos fatos. Há filhos “vidrados” na figura paterna. Além disso, a afinidade ou animosidade entre pais e filhos decorre muito mais de ligações harmônicas ou conflituosas de vidas anteriores.
Se alguém reencontra no pai um rival do passado, quando disputavam o amor de uma mulher, hoje possivelmente ligada a ambos como mãe e esposa, enfrentará conflitos em seu relacionamento. Em contrapartida, dar-se-á muito bem com o genitor que foi amigo ou familiar ligado ao seu coração.
E há que se considerar o comportamento. Se não cultivarmos valores elementares de convivência civilizada – compreensão, atenção, respeito, tolerância, cooperação, solidariedade… –, os melhores amigos do pretérito nos parecerão figadais inimigos a nos aborrecerem no ambiente doméstico.

***
O aspecto mais interessante da famosa obra teatral de Sófocles diz respeito à fatalidade. É possível alguém nascer com a trágica sina de matar o pai e casar com a mãe ou destinado a cometer atrocidades?
Negativo. Não há o determinismo para o mal. Ninguém reencarna para ser suicida, alcoólatra, fumante, toxicômano, adúltero, traficante, ladrão, assassino, terrorista…
Comportamentos dessa natureza configuram um desatino.
Jamais um destino!
Dirá o leitor amigo que o oráculo não teria acertado o sinistro vaticínio, se não fosse esse o fado de Édipo.
Oportuno não esquecer, porém, que estamos diante de uma ficção, uma história da carochinha para adultos.
Questionará você: E quanto aos oráculos de hoje, representados por médiuns, pais de santo, cartomantes, quiromantes, astrólogos e quejandos? Não antecipam, efetivamente, o futuro?
Consideremos, em princípio, que eles falam de generalidades.
Assim fica fácil. Se eu fizer dez previsões superficiais sobre seu futuro, envolvendo saúde, negócios, vida afetiva, família, viagens, pelo menos metade se cumprirá. Você ficará admirado de meus poderes premonitórios, tão entusiasmado com os acertos que não reparará nos desacertos.
E há um detalhe: se o “oráculo” revela que terei um dia muito difícil, cheio de contratempos, e acredito firmemente nisso, assim tenderá a acontecer. Estarei predisposto a encontrar “chifre em cabeça de cavalo”.
Obviamente, há indivíduos dotados de grande sensibilidade que podem “ler” em nosso psiquismo algo do que nos espera. Nele podem estar registrados alguns compromissos que teríamos assumido ao reencarnar, conjugando família, profissão, trabalho, ideal…
Mesmo assim, não poderá fazer afirmações taxativas, porquanto nem sempre cumprimos na Terra o que nos propusemos a realizar, no Além.
Há, também, desajustes no perispírito, nosso corpo espiritual, decorrentes de faltas desta existência ou precedente, tendentes a se refletirem no corpo físico, dando origem a males variados.
Um sensitivo poderá identificá-los e nos falar a respeito.
Não obstante, esses males não são inevitáveis. É possível, com o empenho de renovação e a prática do Bem, “depurar” o perispírito, favorecendo uma existência saudável.

***
O ideal é viver o hoje, procurando fazer o melhor, sem nos preocuparmos com o que virá.
O futuro não está escrito. Há apenas esboços. O “texto definitivo” está sendo grafado por nossas ações.
Jesus sabiamente ensina, no Sermão da Montanha, que a cada dia basta o seu labor. Cuidemos de buscar o Reino de Deus em primeiro lugar, com o empenho do Bem, e tudo o mais, acentua o Senhor, virá por acréscimo da misericórdia divina.

Richard Simonetti

A Paciência





A senhora reclamava:
– Pois é, Chico, todos me dizem para ter paciência, paciência com isso, paciência com aquilo… Estou cansada de ser paciente!
E Chico:
– Minha irmã, a paciência é um remédio que precisamos tomar todos os dias, de preferência em jejum, pela manhã, mesmo que nos pareça não precisarmos dele.

***

As virtudes evangélicas são decantadas como deveres do cristão para a edificação de um Mundo melhor.
E também como valioso investimento de bênçãos em favor de um futuro glorioso, quando aprouver ao Senhor convocar-nos para o “outro lado”.
Geralmente os fiéis não costumam envolver-se muito com o assunto. O esforço em favor do próximo é desencorajado pelo egoísmo. E quanto às benesses do amanhã, na vida espiritual, são sempre encaradas como algo remoto…
A questão muda de figura quando cogitamos das virtudes evangélicas como exercício indispensável ao nosso equilíbrio e bem-estar.
Exemplo está na paciência, recomendada por Chico.
Para um entendimento sobre o assunto, lembremos um mal disseminado na Humanidade – os diabetes.
Trata-se de um distúrbio endocrinológico provocado por uma paralisação do pâncreas, que deixa de produzir insulina, hormônio indispensável ao metabolismo dos carboidratos, no sangue.
O paciente fica na obrigatoriedade de tomar insulina sintética pela vida toda, sob pena de sofrer sérios problemas de saúde.
Algo semelhante ocorre em relação à paciência, hormônio espiritual que garante nossa estabilidade física e psíquica.
Somos carentes de paciência.
Resultado: irritação, intranquilidade, tensão, ansiedade, que produzem estragos, complicando relacionamentos, gerando desentendimentos e desajustando o corpo e o Espírito, com o que acabamos abreviando a jornada humana.

***

Uma senhora comemorava os cem anos de existência, rodeada de filhos, netos, bisnetos, tataranetos...
E se tentava definir a origem de sua longevidade.
Uma neta matou a charada:
– Vovó tem uma paciência de Jó. Nunca se aborrece, nem se exalta. Não cultiva rancores, nem ressentimentos. Está sempre tranquila.
Certamente sua alma, após milenares experiências, aprimorou os mecanismos de produção natural da paciência.
Para nós outros, carentes desse hormônio da alma, é preciso, como ensina Chico, tomar doses de paciência diariamente, com o cultivo da reflexão, injetando-a em nossas veias espirituais.
Anime-nos o fato de que estaremos cumprindo nossos deveres para com o próximo, preparando um futuro melhor habilitando-nos a aproveitar integralmente as oportunidades de edificação que Deus nos concede na experiência reencarnatória.
Vale lembrar que, conforme relata o texto Bíblico, Jó foi um homem muito rico, pai de muitos filhos, senhor de muitas propriedades.
Tudo lhe foi tirado por artimanhas de satanás, que queria provar a Deus que ele perderia a paciência.
Não conseguiu seu intento.
Jó, doente e pobre, sem filhos e sem propriedades, reduzido à mais abjeta condição, ainda assim sustentou sua proverbial paciência, pronunciando a frase célebre (Jó, 1:21):
– O Senhor o deu e o Senhor o tomou, bendito seja o seu nome!
E o Senhor o premiou, restituindo-lhe todos os bens, proporcionando-lhe bênçãos de nova paternidade.
Teve mais filhos, ficou mais rico.
E viveu ainda cento e quarenta e oito anos!
Por isso, leitor amigo, se cultivar a paciência, essa mesma virtude com a qual chegou até aqui, nestas mal traçadas linhas, certamente não viverá tanto tempo como Jó, conforme fantasiou o autor do texto bíblico, mas, sem dúvida, viverá integralmente o tempo que o Senhor lhe concedeu para a experiência humana.

Richard Simonetti 

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